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MULHERES NA FÓRMULA 1: Tão perto mas ao mesmo tempo tão longe para elas

Por: Aline Mariño

Jamie Chadwick

Após o final da temporada é comum as equipes se reunirem em suas fábricas para uma série de compromissos extra pista, além é claro de todo o trabalho envolvido no desenvolvimento do próximo carro que não para mesmo em época de férias. Foi em uma dessas ocasiões que Mattia Binotto chefe da equipe Ferrari deu algumas declarações a repórteres sobre o futuro da Ferrari Driver Academy.

Binotto disse que “A Academia também procura mulheres no futuro. As mulheres devem fazer parte da Ferrari Driver Academy. É algo em que estamos trabalhando agora para garantir que isso aconteça muito em breve”. Aqui acontece uma dualidade de sentimentos em reação a essa declaração. Ter uma pessoa em um posto tão alto falando diretamente sobre dar apoio as mulheres proporciona esperanças e faz as pessoas verem com bons olhos os próximos passos para uma Fórmula 1 mais moderna. Mas estourada essa bolha do mundinho cor de rosa, os prospectos para se chegar a ter uma mulher na principal categoria do automobilismo em médio prazo ainda quase não existem.


Atualmente apenas duas mulheres possuem vínculos com equipes da Fórmula 1:  Jamie Chadwick e Tatiana Calderón.

1 - Chadwick é a atual campeã da WSeries e em 2019 ocupava a vaga de piloto de desenvolvimento da Williams. Como bônus por ter vencido o campeonato, ela obteve 500.000$US e uma das doze vagas garantidas para a próxima temporada. Apesar do montante, o valor ainda não é suficiente para entrar em uma equipe competitiva na Fórmula 3, o natural passo seguinte em direção a F1. O valor médio para se conseguir um assento na categoria costuma ser um pouco mais do dobro disso. Chadwick ainda precisa obter o restante dos pontos necessários para tirar sua super licença, de forma que o mais provável seja que retorne a WSeries em 2020 ou siga para outros campeonatos como a Eurofórmula 3(Eurofórmula open), no qual fez testes no ano passado. Sua renovação com a Williams foi anunciada recentemente. Chadwick é uma das melhores opções e prospectos femininos com talento para evoluir ainda e talvez chegar mais perto da F1.

2 – Tatiana Calderón passou pelas categorias de base até que em 2017, enquanto fazia sua primeira temporada pela antiga GP3, tornou-se piloto de desenvolvimento da antiga equipe Sauber, sendo promovida no ano seguinte a piloto reserva já na renomeada Alfa Romeo, onde permaneceu em 2019 no mesmo posto. Esse também foi o ano de sua estreia na Fórmula 2, sendo assim a primeira mulher a conquistar o feito. Mas seus resultados não vêm sendo tão expressivos nos últimos três anos. Nas duas temporadas na GP3 ficou respectivamente em 18º e 16º no campeonato, tendo ficado atrás de seus companheiros de equipe. No ano passado não conseguiu marcar pontos na F2. Depois de resultados ruins ela perdeu seu lugar na equipe Arden e disse em uma declaração a jornalistas que será muito difícil continuar na categoria para o ano que vem. Por isso, apesar de ser a mulher a estar mais próxima das portas da Fórmula 1, Calderón definitivamente não é uma piloto que mereça estar em um assento como titular entre os melhores do automobilismo. Porém, seus méritos por ter chegado até aqui e por ter aberto caminhos devem ser muito respeitados.
           

A fala de Binotto juntamente com outras pessoas ligadas diretamente ou não a categoria em relação a presença de uma piloto no grid é bastante relevante. Já passou muito da hora de ver uma mulher como protagonista também dentro do carro na pista, não só restrita a cargos operacionais. Porém se você olhar para as duas principais categorias de acesso, as Fórmulas 2 e 3, não vai ver nenhuma mulher ocupando um assento de um monoposto, assim como nos programas de desenvolvimento de jovens pilotos das equipes da F1 também não.

O numero de meninas que começam nas categorias de base é muito menor do que a proporção de meninos, além de enfrentarem o preconceito enraizado e passarem por desafios extras em relação aos meninos. Em uma entrevista dada a Julianne Cersoli para o Yahoo esportes, Calderón conta dos percalços enfrentados por muito tempo até moldar e adaptar o carro as suas características físicas.

Não existem soluções rápidas e simples. O fato de a discussão estar em alta novamente já é em si algo bastante positivo, mas a escassez de ações mais claras e objetivas quanto a isso perpetua o ambiente hostil para a chegada de mais mulheres. A W Series é uma categoria a parte para se analisar. Em um período de médio prazo não há prospectos surgindo. Então mesmo a Ferrari decidindo investir e indo atrás para achar uma candidata, isso não deverá acontecer muito em breve como deseja Binotto.

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